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Comentário

Publicado: Terça, 24 de Janeiro de 2017, 13h02 | Última atualização em Quarta, 12 de Mai de 2021, 14h06
Viagens e expedições científicas: o projeto luso-brasileiro 

Cláudia B. Heynemann
Doutora em História Social - UFRJ
Editora do sítio
O Arquivo Nacional e a História Luso-Brasileira

Anil, pássaros, andiroba e maracujá, plantas vivas, sementes, quadrúpedes, plantas secas em herbários. Produtos naturais ou da história natural foram objeto de naturalistas que de todo o Império ultramarino enviaram ao reino remessas preparadas para gabinetes e jardins. A coleta desses itens se deu por vezes em capitanias específicas, resultado de pequenas incursões nas vizinhanças; mas a viagem filosófica, além dos resultados almejados, era em si mesma um procedimento a se realizar, iniciativa acalentada no século das viagens científicas, do inventário da natureza.

 A viagem filosófica  – assim denominada porque filosofia e ciência coincidiriam como manifesto da Razão –, idealizada aqui por Domenico Vandelli, se prolonga em desenhos, catálogos, descrições, talvez em artefatos, vestígios das coleções então formadas. O mais notável viajante luso-brasileiro é Alexandre Rodrigues Ferreira `1`,  cujo itinerário se espalha por publicações contemporâneas, pranchas originais, manuscritos, catálogos, inventários, em arquivos e coleções diversos.

No Arquivo Nacional, a viagem do naturalista baiano pelas capitanias de Mato Grosso e Rio Negro se faz pela correspondência travada entre as autoridades metropolitanas, um acompanhamento em paralelo às anotações e ao diário (obrigatórios para qualquer naturalista) e que ia reportando providências, descrevendo caixotes embarcados, recursos, pagamentos, identificando membros das missões. Tarefa enumerativa e extensiva que atendia às demandas administrativas, mas que também se realiza a exemplo dos pressupostos da história natural de realizar o catálogo mais abrangente possível. Esse olhar acompanha ao mesmo tempo as incumbências do franciscano José Mariano da Conceição Veloso pelo Rio de Janeiro, além de resultados de expedições empreendidas no interior da colônia.

 Como evento fundador da época moderna no setecentos, as viagens ao Novo Mundo partem de outras premissas, produzindo conhecimento em escalas diferentes, o que em si mesmo viria a descrever a trajetória da viagem. Dos membros da expedição aos cientistas em seus gabinetes, coincidam ou não as personagens, seus registros são herbários, animais empalhados, desenhos, memórias, correspondência, diários. Importa pensar assim, diante dos documentos que tratam da movimentação dos naturalistas luso-brasileiros, o sentido da informação que se constitui com a viagem. A distância a ser superada pelo deslocamento é também ultrapassada pela transformação da matéria em forma, sendo essa a primeira operação muito concreta que “leva do mundo à inscrição”, como propõe Bruno Latour para pensar bibliotecas, laboratórios, coleções. A partir das tarefas dos naturalistas-viajantes,

"Os papagaios permanecerão na ilha com seu canto; levar-se-á o desenho de sua plumagem, acompanhado de um relato, de um espécime empalhado e de um casal vivo, que se tentará domesticar para o viveiro real. A biblioteca, o gabinete, a coleção, o jardim botânico e o viveiro se enriquecerão com isso sem, no entanto, se entulhar com todos os traços que não teriam pertinência (...). Em função do progresso das ciências, da frequência das viagens, da fidelidade dos desenhistas, da amplitude das taxionomias, do tamanho das coleções, da riqueza dos colecionadores, da potência dos instrumentos poder-se-á retirar mais ou menos matéria e carregar com mais ou menos informações veículos de maior ou menor confiabilidade [2]."

 O que se extrai então são animais vivos e sua classificação; desenhos, amostras, coleções, a incorporação à paisagem dos jardins, a integração de espécimes a novos espaços e climas, o próprio ritmo e extensão das viagens que tornam apreensível na escala de conhecimento dos catálogos esse mundo distante do centro. E o que se escreve em livros e nos arquivos das secretarias, ministérios, governos das capitanias, funcionários que vão se transformando em agentes desse empreendimento.

Os arquivos e livros da viagem multiplicam-se, portanto, dos itens transportados às relações que os acompanham e às cartas que informam sobre todos esses procedimentos e hoje formam parte importante da viagem. Um dos mais extraordinários códices a serem mencionados é o que traz a correspondência original dos governadores do Pará com a Corte, em 24 volumes, e traça o itinerário da viagem de Alexandre Rodrigues Ferreira por meio das remessas, listas, providências e ordens, entre o ministro da Marinha e dos Negócios Ultramarinos, Martinho de Melo e Castro, e Martinho de Sousa e Albuquerque, governador do Pará, na qual se confirma o envio de caixotes de anil para Lisboa e a chegada do desenhador José Joaquim Freire para compor a expedição do naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira, solicitando, ainda, canoas, índios e mantimentos para a dita expedição [3].  Encontra-se, no mesmo volume, a Relação das plantas vivas e animais, remetidos do Pará para o Real Gabinete de História Natural da Ajuda, pelo capitão Luiz Pereira da Cunha na charrua Águia. A relação é acompanhada de informações como o uso que se faz das plantas pelos habitantes da região [4]. 

 Cartas dão notícia das providências tomadas para a viagem de Alexandre Rodrigues e falam também de componentes importantes da viagem ilustrada. A presença de riscadores, a confecção de listas e o uso diferenciado que se fazia das plantas selecionadas e enviadas para o Gabinete d’Ajuda são recorrentes no campo da história natural em sua interseção com o processo das viagens no setecentos. Por que se viaja no setecentos e, sobretudo, como se viaja, que sentido têm esses grandes deslocamentos físicos e das ideias são perguntas que começam a ser respondidas pela existência de alguns gêneros característicos: um deles é formado pelas instruções aos viajantes. Esses documentos, muito comuns, tinham como objetivo indicar os procedimentos a serem adotados pelos naturalistas. Tratava-se de saber ver e reconhecer naquela paisagem os indivíduos ou espécimes a serem coletados, descritos, classificados, entre outras etapas. Cada tarefa tinha sua relevância, considerando-se, inclusive o diário, para que em caso de desaparecimento do viajante sua empresa não perdesse o sentido e pudesse ser continuada.

Os diversos modos de extrair da viagem os seus indícios ou informações se realizavam em desenhos, herbários de plantas secas, animais conservados em álcool, sementes em verniz, areia, caixinhas e vidros. A técnica de taxidermia seria adotada após a expedição, mas animais e plantas também eram transportados vivos por mar. Aves e mamíferos, alguns de grande porte, formaram o tesouro das viagens, e deram origem a uma metodologia para a longa permanência em gaiolas, como as duas cobras, uma delas viva, que foram mandadas da vila de Barcelos por Alexandre Rodrigues, conforme a correspondência do governador do Pará, Martinho de Sousa e Albuquerque, ao ministro da Marinha e dos Negócios Ultramarinos, Martinho de Melo e Castro, de janeiro de 1787 [5]. 

 A correspondência que cerca as viagens filosóficas, as expedições pelo território para coleta e as missões de demarcação é parte da empresa como um todo, de uma escrita, um dos capítulos da literatura e da cartografia desse movimento que se faz em tantas direções: para o gabinete, a lista, o diário, herbário, jardim, livros, arquivos. Assim, em Barcelos, de onde se remetem as inúmeras encomendas e observações, o naturalista trava contato com obras que ainda desconhecia, entre aquelas que formam sua biblioteca de viagem, confronto entre indício e experiência, entre a viagem de que se ouve falar e aquela que se vê. E é somente na vila de Barcelos que ele tem contato com o livro de Charles La Condamine e o diário do padre Samuel Fritz, citado pelo naturalista francês, como destaca Ronald Raminelli: Além dos indispensáveis instrumentos de trabalho, Ferreira contava com uma biblioteca para se lançar sobre os sertões do Brasil. Trouxe consigo obras sobre plantas e animais escritas por Jean Baptiste Aublet, Margrave e Piso, Carl Lineu, Valerio, Antoine Baumé e Giovanni Antonio Scopoli, estudos nem sempre adequados à realidade amazônica [6].

 O diário de Ferreira, que conhecemos como Viagem filosófica pelas capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá, foi redigido para envio à Secretaria de Estado da Marinha e Negócios Ultramarinos por intermédio do governador da província do Rio Negro, João Pereira Caldas [7].  Memórias ou participações produzidas em sua longa expedição formaram edições sobre a viagem, divididas em memórias de zoologia e botânica ou de antropologia.

O outro diário que segue o naturalista, está em cartas como a de janeiro de 1787, que o governador do Pará, Martinho de Sousa e Albuquerque escreve a Martinho de Melo e Castro, comunicando o envio de cartas da capitania do Rio Negro encaminhadas pelo capitão João Pereira Caldas através do navio Maranhão, assim como caixotes de anil, produtos naturais e mais cartas enviadas pelo naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira pela charrua Águia e Coração de Jesus. No dia 31 do mesmo mês, outra correspondência do governador do Pará avisa sobre a remessa de anil do Rio Negro, além de dois sacos com cartas enviadas por Caldas ao ministro Melo e Castro [8].

 A viagem que a correspondência engendra é indicativa dos materiais e métodos empregados na conservação e acondicionamento dos espécimes enviados à metrópole, à variedade de produtos requeridos para museus e gabinetes de história natural e jardins. Remetidos do Pará para o Real Gabinete de História Natural da Ajuda pelo capitão Luis Pereira da Cunha, iam raízes, conchas, animais conservados em aguardente e enfeites de penas usados pelos gentios como ornamentação para guerra [9].  Estamos, assim, diante de um processo identificado por Ângela Domingues cuja conclusão é que, Consequentemente, não foram só os naturalistas ou os engenheiros cartógrafos e os matemáticos a fazer essas remessas. O material que, na segunda metade do Setecentos, veio enriquecer as coleções do Real Gabinete e Jardim Botânico da Ajuda, do museu particular da rainha ou da Academia das Ciências não foi apenas o recolhido durante as viagens científicas ao reino ou às colônias ou, ainda, as aquarelas da Amazônia dos desenhistas Joaquim José Codina e José Joaquim Freire, que acompanharam Rodrigues Ferreira na sua viagem, ou os herbários do jardineiro-botânico Agostinho Joaquim do Cabo, igualmente participante na mesma expedição.

Foram, também, as remessas enviadas pelo vice-rei do Brasil, d. Luís de Vasconcelos e Sousa, e pelos governadores e capitães-generais de Minas Gerais, Cuiabá, Piauí, Ceará, Maranhão, Mato Grosso, Goiás, Pará, Rio Negro ou, ainda, por Francisco da Cunha de Meneses, governador da Índia, e d. Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho, durante o período em que administrou Angola, e por tantos outros que se interessaram pelas produções naturais e curiosidades científicas nos diferentes pontos do Império [10].

A correspondência apresenta além dos rumos da viagem e da sua realização em diversas instâncias, reunindo inscrições, como definiu Bruno Latour, personagens e formações reveladoras das gerações de ilustrados que passam por Coimbra ou Montpellier, frequentam as academias científicas, alimentam a produção memorialística e ocupam altos postos na burocracia colonial ou são por ela distinguidos, como o frei José Mariano da Conceição Veloso (1742-1811). O franciscano, professor de retórica e naturalista, empreendeu a exploração dos matos da capitania do Rio de Janeiro, formou coleções de história natural, além de ser autor da Flora fluminensis, diretor da Tipografia do Arco do Cego em Lisboa. Tal como Rodrigues Ferreira, o religioso foi um dos “alunos de Vandelli”, referência ao químico e naturalista de Pádua que em Portugal dirigiu o museu e gabinete da Ajuda. Habilidoso, acompanhado de riscadores, Veloso destacou-se durante o governo do vice-rei Luís de Vasconcellos e obteve o reconhecimento do ministro ilustrado d. Rodrigo de Sousa Coutinho, da Marinha e Domínios Ultramarinos.

É copiosa a documentação acerca das atividades de Veloso no acervo do Arquivo Nacional. Um diário de sua movimentação pela capitania do Rio de Janeiro é uma narrativa da prática colecionista da história natural e ainda do modo como se interveio na paisagem colonial, seja pelos desenhos que a representaram ou pela caça a mamíferos, pássaros, répteis, entre outros. Em portaria de fevereiro de 1788, o desembargador provedor da Real Fazenda é encarregado de entregar a um tenente do regimento de artilharia um barril de pólvora fina e 128 latas de chumbo para se repartir entre os diferentes homens encarregados de matar pássaros para a história natural [11].  O permanente interesse pelos pássaros, dos “antigos” que os chamavam voláteis aos da época moderna, foi atestado em coleções, viveiros e tratados de ornitologia como os de Buffon e do próprio frei Veloso `12`,  sendo ainda objeto de adorno conforme sua raridade, canto, cor e atributos cada vez mais especiais, à medida que avançam as remessas das colônias à metrópole.

Enquanto o frei segue pelos limites da capitania do Rio de Janeiro, como a vila de Parati, a administração paga por panos, lápis, sebo, latas de cera, utensílios variados que fazem parte do arsenal da viagem, necessários à preparação de coleções e ao trabalho dos riscadores. Um trabalho artesanal, empírico, vocacionado para uma prática que os amadores também poderiam acumular, um dos poucos casos que enciclopedistas como Diderot admitiam ter lugar junto à história natural, por se tratar de ver de perto, repetidamente, em detalhes [13].  Desenhos e aquarelas somam-se às peças da narrativa de viagem, com o pressuposto de imitação da natureza, desde as grandes composições, como aquelas dedicadas às florestas, à mata densa em que plantas e animais se relacionam entre si e com o ambiente, até as partes secionadas de flores, sementes, plantas.

Outros personagens, entre naturalistas, engenheiros e militares, se destacam no tema das viagens setecentistas e expedições científicas. A década de 1780 de certa forma condensa esses acontecimentos, quer pela proximidade com a reforma da Universidade de Coimbra, pela fundação da Academia de Ciências de Lisboa ou pela assinatura do Tratado de Santo Ildefonso, em 1777, que leva às viagens de exploração com objetivo de demarcar o território após o acordo. Isto foi observado em um clássico estudo de William Joel Simon, especialmente sobre os anos 1779-1780, considerados particularmente profícuos para a reforma do ensino em Portugal. Mas ele assinala que em 1777 apenas dois dos estudantes brasileiros de ciências em Coimbra haviam completado seus estudos; no ano seguinte, Alexandre Rodrigues Ferreira e João da Silva Feijó concluem seus estudos em um período de agitação política, devendo-se lembrar que em 1777 morre d. José I.

Durante esse processo, o químico e naturalista paduano, diretor dos jardins da Ajuda e estabelecimentos científicos anexos, foi o principal gestor da viagem filosófica, mantendo correspondência com o ministro da Marinha e Domínios Ultramarinos, Martinho de Melo e Castro, intermediando, diz Simon, os trâmites entre a Coroa, a universidade e os próprios naturalistas, sem esquecermos o papel desempenhado pela Academia de Ciências [14].  Mas em março de 1783 a chegada dos suprimentos do arsenal real e outras providências cercando Joaquim José da Silva e Manuel Galvão da Silva (assistentes de Alexandre Rodrigues) deram a medida da viagem: não haveria a grande expedição planejada por Vandelli, provavelmente por decisão do ministro Melo e Castro [15].

Nesse sentido, parte da viagem de Alexandre Rodrigues ocorre em paralelo às expedições conduzidas por homens como o astrônomo José de Saldanha e o engenheiro Alexandre Eloy Portelli, que redigem o Diário geral geográfico e topográfico da 1ª subdivisão da demarcação de limites da América Meridional sobre as expedições feitas sobre a margem meridional do rio Piratini e expedição demarcadora das vertentes do Rio Negro, cujo registro se encontra na correspondência entre o vice-reinado e o governador do Rio Grande do Sul em 1787 [16].  Desde o início daquela década as providências necessárias para as medições são registradas nos dois extremos da América portuguesa, na correspondência dos vice-reis com a Corte e com autoridades coloniais, como o documento que traz as conclusões do comissário Francisco João Roscio sobre o plano do governador de Buenos Aires, João Tossem Vertiz, para demarcação de limites entre os domínios portugueses e espanhóis, na região correspondente ao Rio Grande de São Pedro até a capitania de São Paulo [17].

 O conjunto das expedições científicas ilustradas situa-se no intervalo 1783-1808, entre as viagens filosóficas – lembramos as de Moçambique (1783-93), chefiada por Manoel Galvão da Silva, e de Angola (1783-1808), liderada por José da Silva –, e inclui as missões de demarcação que se seguiram a Santo Ildefonso (após o Tratado de Madri também tiveram lugar medições das fronteiras). Seguindo o impulso reformista e os pressupostos da ilustração luso-brasileira, o projeto de renovação do pacto colonial impunha de todo modo o conhecimento e o controle do império luso em meio à crise que atravessa o reino:Aliado a esse interesse, não se deve perder de vista que os recentes tratados de limites assinados pelas duas coroas ibéricas exigiam de Portugal a necessária ocupação dos territórios fronteiriços conquistados de Espanha, requisito essencial para a efetiva incorporação destes à América Portuguesa, atendendo ao princípio de uti possidetis, que rezava nos tratados de Madri e de Santo Ildefonso. Este é o caso específico de parte do território amazônico e de toda a aurífica e diamantífera capitania de Mato Grosso e Cuiabá, o território alvo, no qual a expedição filosófica enviada ao interior do Brasil deveria desenvolver seus trabalhos [18].

 Tal como em meados do século XVIII as comissões formadas por astrônomos, engenheiros e militares foram expedidas para ao norte e ao sul darem prosseguimento aos acordos enquanto a viagem filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira seguia seu curso. Sob esse aspecto, avalia Fabiano Vilaça, “assim como em 1750, comissões foram organizadas no Norte e no Sul para delimitar os marcos de fronteiras. Entretanto, os trabalhos de demarcação se arrastaram pelas últimas décadas do século XVIII, sem chegar a termo” [19].  

 Travada por cerca de três décadas o que de mais efetivo a correspondência evidencia é a tarefa de recolhimento das inscrições da viagem, esse encurtamento de distâncias e alargamento do mundo, de certa supressão da memória em troca do registro, do exemplar, do diário, do desenho. O acervo do Arquivo Nacional participa aqui de um dos capítulos mais decisivos da história luso-brasileira, quando a partir de uma leitura peculiar da Ilustração e de uma visada totalizante sobre o Brasil enraíza-se a dupla tradição que se afirmaria no oitocentos.

Notas
[1] A viagem filosófica comandada por Alexandre Rodrigues Ferreira percorreu as capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá entre 1783 e 1792.
[2] Bruno Latour, Redes que a razão desconhece: laboratórios, bibliotecas, coleções, in: Christian Jacob, Marc Baratin (dir.), O poder das bibliotecas: a memória dos livros no Ocidente, Rio de Janeiro, Ed. UFRJ, 2000, p. 23-24.
[3] Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte. Belém, Pará, 18 de março de 1788. Arquivo Nacional, Negócios de Portugal, códice 99, volume 9, fls. 25, 25v e 26.
[4] Ibidem, fls. 33, 33v e 34, 22 de março de 1788.
[5] Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte. Belém, Pará, 31 de janeiro de 1787. Arquivo Nacional, Negócios de Portugal, códice 99, volume 8, fls. 40-40v.
[6] Ronald Raminelli, Ciência e colonização: viagem filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira, Tempo, Niterói, RJ, v. 3, n. 6, p. 160, dez. 1998. Disponível em: www.historia.uff.br/tempo/artigos_livres/artg6-10.pdf . Acesso em: 20 out. 2010.
[7] Idem.
[8] Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte. Belém, 20 de janeiro de 1787. Arquivo Nacional, Negócios de Portugal, códice 99, volume 8, 31 de janeiro de 1787, fls. 43-43v.
[9] Correspondência original dos governadores do Pará com a Corte. Belém, 5 de agosto de 1789. Arquivo Nacional, Negócios de Portugal, códice 99, volume 10, fls. 164-164v.
[10] Ângela Domingues, Para um melhor conhecimento dos domínios coloniais: a constituição de redes de informação no Império português em finais do setecentos, História, Ciências, Saúde, Rio de Janeiro, v. 8, p. 826, 2001, Suplemento.
[11] Vice-reinado. Portarias. Secretaria de Estado do Brasil. Códice 73, volume 17. Rio de Janeiro, 13 de fevereiro de 1788, fl. 159.
[12] José Mariano da Conceição Veloso, frei, Aviário brasílico ou Galeria ornitológica das aves indígenas do Brasil, disposto e descrito segundo o sistema de Carlos Lineu, copiado do natural, e dos melhores autores, precedido de diversas dissertações análogas ao seu melhor conhecimento, acompanhado de outras estranhas ao mesmo continente... Lisboa, Na Oficina da Casa Literária do Arco do Cego, 1800.
[13] Denis Diderot, Da interpretação da natureza, São Paulo, Iluminuras, 1989, p. 46.
[14] W. J. Simon, Scientific expeditions in the Portuguese overseas territories (1783-1808), Lisboa, Instituto de Investigação Tropical, 1983, p. 13.
[15] Ibidem, p. 19.
[16] Vice-reinado. Correspondência com o governador e mais pessoas do Rio Grande do Sul sobre demarcação de limites, etc. Secretaria de Estado do Brasil. Códice 104, volume 10, fls. 52-109. Rio Grande do Sul, 10 de novembro de 1787.
[17] Correspondência da Corte com o vice-reinado. Secretaria de Estado do Brasil. Códice 67, volume 10. Lisboa, 29 de agosto de 1870.
[18] Maria de Fátima Costa, Alexandre Rodrigues Ferreira e a capitania de Mato Grosso: imagens do interior. História, Ciências, Saúde, Rio de Janeiro, v. 8, p. 996, 2001, Suplemento, disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702001000500011&lng=en&nrm=iso>. access on  29  Nov.  2011. 
[19] Fabiano Vilaça dos Santos, Limites e fronteiras: o Arquivo Nacional e a história luso-brasileira, disponível em http://anweb/historiacolonial/index.php?option=com_content&view=article&id=3741&Itemid=339.

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