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Brasileiros

Até as vésperas da independência, o uso do termo ‘brasileiro’ ainda não era muito claro. Em oposição ao ‘brasiliense’, que denominava o natural da terra, nascido no Brasil, o ‘brasileiro’ costumava se referir àqueles que aqui se estabeleciam para negócios e para viver. Esses termos diluíam-se na grande categoria de súdito ou vassalo do Império português, do Reino de Portugal e do Reino do Brasil. Talvez, por conta desta definição mais “funcional”, como argumentou Hipólito da Costa, o termo ‘brasileiro’ tenha sido preferido durante o período de fermentação da independência do Brasil, quando, mais do que o local de nascimento, importava a adesão a um projeto, à causa do Brasil ou de Portugal. Deste modo, “brasileiro” foi empregado para denominar adeptos da causa da emancipação e prevaleceu, ao longo do Primeiro Reinado, para diferenciar de “portugueses” não exatamente de nascimento, mas partidários da volta dos vínculos com o Império português. Ambos conceitos, portugueses e brasileiros, embora ainda não totalmente definidos, serviram para adjetivar os nascentes partidos, identificados com os grupos políticos envolvidos nas lutas pela independência. Depois da abdicação de d. Pedro I, o termo ganhou novo sentido, buscando incorporar outros elementos, culturais e simbólicos, que identificassem o “brasileiro” não somente como aquele que aderiu à causa do Brasil, mas o nascido no novo Império que se construía. Esse projeto de construção da identidade aparece com força, não por acaso, durante o período regencial, quando as identidades locais e regionais se sobrepunham a um sentimento nacional e ameaçavam a integridade do território do Estado.