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Vendas, botequins e casas de jogos

As vendas, botequins e casas de jogos usualmente referem-se ao mesmo espaço, ou seja, às tavernas ou botequins da época colonial e às suas diferentes funções. Esses botequins eram também vendas, isto é, pequenos armazéns que forneciam secos e molhados, bebidas alcoólicas e comida, sobretudo para os trabalhadores livres e pobres; escravos urbanos de ganho e libertos. Os jogos de azar (bilhar, carteado, dados, jogos de casquinha e capoeira), eram igualmente praticados nos botequins, mas também existiam as casas de jogos especializadas, onde havia, do mesmo modo, álcool e prostituição. Esses estabelecimentos – conhecidos como public houses – eram proibidos, assim como os jogos em que se apostava dinheiro. No entanto, tais locais nunca eram convenientemente reprimidos pela força policial, que sabia de sua existência, mas nem sempre os repelia, devido, possivelmente, à corrupção dos oficiais que executavam as prisões e fechamentos. Os botequins, em toda sua variedade de atividades, eram locais de sociabilização e lazer das classes baixas, onde trabalhadores pobres e escravos se reuniam para a “cachaça”, a diversão (os jogos) e a conversa. Desses encontros, podiam resultar conspirações, movimentos revoltosos e planos de fuga, no caso dos escravos, mas que, habitualmente, terminavam em discussões e brigas, associadas à bebedeira e ao jogo. Os donos dessas casas demonstravam por vezes preocupação para que as “atividades” não fugissem ao controle e lhes provocassem prejuízos e danos, como os causados por brigas e arruaças e, nesses casos, acabavam cooperando com a polícia. Ainda assim, frequentemente, protegiam e davam abrigo aos que precisavam, por exemplo, se esconder da polícia, desrespeitando algumas vezes a lei e ainda o horário de fechamento das tavernas. Desde a época da criação da Intendência de Polícia da Corte no Rio de Janeiro em 1808, há uma clara intenção de disciplinar o tempo livre da população pobre: ao diminuir o horário de funcionamento das casas, diminuíam-se as preocupantes aglomerações, bem como o risco da desordem e da perda do controle, principalmente, da grande população escrava do Rio de Janeiro.