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Sangrar, sarjar, lançar ventosas e sanguessugas

O cirurgião negro. Em: DEBRET, Jean Baptiste. Voyage pittoresque et historique au Brésil (…). Paris: Firmind Didot Frères, 1834-1839. Volume 2, prancha 46. OR 1909 Bib

A arte da sangria foi frequentemente utilizada na Europa para quase todas as doenças e, desde o século XVI, se conhece essa prática na América portuguesa. Os indígenas também recorriam à escarificação e à sangria, valendo-se de diversos objetos cortantes como assinala Tânia S. Salgado (Barbeiros, sangradores, e curandeiros no Brasil (1808-28). História, Ciências, Saúde. Manguinhos, vol. V (2): 349-72, jul.-out. 1998. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59701998000200005). Os indivíduos que atuavam como sangradores eram, em sua grande maioria, africanos escravizados, forros e pobres livres. Foi comum a associação popular entre as funções de sangradores e barbeiros. Os barbeiros não exerciam o rotineiro corte de cabelos e barbas, dedicando-se antes a aplicação de sanguessugas e extração de dentes no âmbito de uma “medicina popular”. Todas estas técnicas intencionavam depurar o sangue do doente, pois se acreditava que o “mal” residia no sangue. Sangrar significava abrir as veias do paciente, desviando o fluxo sanguíneo e, consequentemente, a doença para fora do corpo. A técnica das sanguessugas consistia na aplicação de vermes de água doce com ventosas naturais sobre a pele do doente para sugar o sangue. As sarjas eram aberturas feitas na carne com lancetas onde se punham as ventosas, vasos de metal ou vidro que eram aplicados para “dilatar o ar interno do corpo”. O paciente, muitas vezes em estado debilitado, saía destas seções em situação precária de saúde. Para realizar tais procedimentos, exigia-se a licença concedida pela Junta do Protomedicato, criada em 1782 e substituída em 1808 pela Fisicatura-mor, para centralizar a fiscalização de assuntos relacionados à prática médica.